A lenda da Princesa e o do Corvo

©5erg paiting

(ou a lenda alternativa da cidade de Lisboa)

Lair era uma jovem princesa que vivia no topo de um morro de onde se podia ver o mar. Vivia com o seu pai, o Rei Melquior, um homem grande, dono de tudo o que se conseguia ver do topo do morro.

Um dia um corvo, de seu nome Fuad, veio ter com a menina e ao ver a luz que emanava dos seus grandes olhos, cor de pérola, ficou enamorado. Com o passar do tempo Lair e Fuad foram criando laços mais e mais fortes, mas o Rei Melquior não deixava Lair sair do morro, com medo que os ventos do norte a levassem para as terras mouras, tal era a leveza de Lair.

Fuad voltava todos os dias com os primeiros raios de sol para ver a luz dos olhos de Lair,  e a sua admiração era tão grande que um dia Fuad se transformou num principe. Viveram tempos de amor pleno. A luz dos olhos de Lair espalhou-se pelas 7 colinas e de todas as regiões vieram conhecer a cidade da boa luz (Lysboa).

Uma manhã, ao nascer dos primeiros raios de sol, Melquior, apercebendo-se da origem da atracção dos viajantes, seguiu Lair. Ao descobrir que ela se encontrava com Fuad, ficou tão furioso que o mandou prender numa jaula com barras até ao céu colocada no fundo do morro, para que a sua filha visse Fuad morrer, pensando que assim ela o esqueceria para sempre.

Chorou durante dias e noites. Os dias transformaram-se em meses, as noites em anos. As suas lágrimas transformaram-se em rios que correram para o mar e criaram um estuário. A ausência da luz dos seus olhos trouxe nuvem negras e ao ver o nível do mar a subir, a princesa teve uma ideia, foi buscar um pequeno barco e colocou-o perto das grades da jaula do seu amor na ânsia que assim a subida das águas pudesse levá-los os dois até ao topo e assim libertarem-se.

Choraram os dois meses, anos. A ausência de luz nos olhos de Lair fez com que Fuad fosse, pouco a pouco, voltando à sua forma de corvo.

Até que algo de espantoso aconteceu. O amor entre os dois era tal que Lair se tinha também ela transformado no único corvo com olhos cor de pérola. O pássaro mais belo jamais visto. Os dois corvos voaram pelo topo da jaula, libertando assim Fuad e Lair do Rei Melquior.

Melquior tornou-se pedra, calcário, com o qual os viajantes que tinham vindo para ver a luz dos olhos de Lair, decidiram criar calçada para reflectir ainda mais a luz dos olhos da sua filha e dar a Melquior um constante olhar para os céus. Decidiram também habitar nestas colinas e morros para que pudessem de perto assistir ao voo enamorado de Lair e Fuad.

Os olhos de Lair voltaram assim a brilhar e inundaram novamente de luz as colinas de Lisboa.

Ainda hoje é possível vê-los a sobrevoar os céus da cidade.



P.S. - Para ti meu amor que serás sempre a luz da minha cidade. Para ti pai que serás sempre o porto de origem do meu ser. Para ti meu filho, sem ti esta história não existiria (obrigado por questionares sempre).

Conto imaginado aqui por mim, Shilva.

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